Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 6,7-15
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, disse Jesus
aos seus discípulos: 7“Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os
pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não
sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o
peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja
o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como
nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, 13e não nos deixes cair em
tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as
faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará.
15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as
faltas que vós cometestes”.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO:
O cristão não reza assim: “Pai
meu...” Ao ser batizado, ele foi mergulhado no seio da família trinitária. Por
esse mesmo pórtico, ele entrou na Igreja e passou a fazer parte de uma família.
Por isso, desde então, ele reza assim: “Pai nosso.”
Charles de Foucauld anotou em
seus Cadernos: “Já que sois meu Pai, ó meu Deus, quanto eu devo sempre esperar
em Vós! Mas também, já que sois tão bom para mim, quanto eu devo ser bom para
os outros! Já que Vós quereis ser meu Pai e Pai de todos os homens, como eu
devo ter para todo homem – seja quem for, por pior que ele seja – os
sentimentos de um terno irmão! [...] Nosso Pai, Pai nosso, ensinai-me a ter
este nome sem cessar em meus lábios, com Jesus, nele e por ele, pois poder
dizê-lo é minha maior felicidade...”
Mas não podemos estacionar no
porto do lirismo. Reconhecer que Deus é Pai NOSSO traz exigências de comunhão.
Se o Pai é NOSSO, então serão igualmente “nossos”: o PÃO, as OFENSAS, o BEM.
Pão para a partilha. Ofensas para o perdão. E o Bem que chamamos de bem-comum.
E nós, os cristãos, devemos lutar para tornar real essa comunhão que foi
iniciada por nosso Batismo.
É nesta moldura que podemos
entender o quadro da Igreja de Pentecostes: “A multidão dos fiéis era um só
coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía: mas
tudo entre eles era comum.” (At 4,32-33.) Na prática, se não temos um Pai comum,
não somos irmãos. A experiência da fraternidade deriva diretamente da
experiência da filiação.
Enquanto não re-conheço meu
Pai, não re-conhecerei meus irmãos... A história de José do Egito é proverbial
nesse sentido.
Quando o Pai nos adotou a
todos... Quando o Filho morreu por todos... Quando o Espírito de Pentecostes
faz falar “todas as nações que há debaixo do céu”... é porque se faz possível
uma nova relação entre todos os homens, acima e além de qualquer barreira racial,
política ou ideológica!
Não há nada mais comprometedor
que rezar o Pai-Nosso. Para entrar em seu sacrário interior, ele exige que
deixemos lá fora o sentimento de superioridade, rancores e projetos de
vingança, abrindo braços e coração. Do contrário, poderemos ouvir a pergunta
feita a Caim: “Onde está o teu irmão?”