Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 3, 1-6
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 1Jesus entrou
de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam
para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus
disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4E
perguntou--lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma
vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5Jesus, então, olhou ao seu
redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem:
“Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6Ao saírem, os fariseus
com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira
como haveriam de matá-lo.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO:
Um olhar de indignação... (Mc 3, 1-6)
Jesus faz uma pergunta aos
presentes na sinagoga: “É lícito, ou não, salvar uma vida em dia de sábado?” O
que está em questão é uma certa hierarquia nos mandamentos e preceitos. E
existe, para os judeus, um valor supremo: a vida humana. Para preservá-la, era
lícito quebrar qualquer preceito, com três exceções: a interdição do homicídio
(mesmo como autodefesa!), do adultério e da idolatria. No caso de risco iminente
de idolatria, os sábios do Talmud admitiam até mesmo o suicídio. Foi assim que
os defensores da fortaleza de Massada preferiram matar-se a se renderem aos
romanos que sitiavam a montanha.
Diante da pergunta de Jesus,
na sinagoga, todos se calam, mesmo conhecendo a resposta. É o sinal muito claro
da má consciência. Esperavam que Jesus curasse no sábado para, a seguir,
acusá-lo . Em sua indiferença para com o aleijado, de certa forma, repetem a
pergunta de Caim: “Sou eu, por acaso, o guarda de meu irmão?” E o “irmão” está
ali, bem à frente deles: o homem de mão seca. Se fosse o jumento caído no fosso
em pleno sábado, correriam a retirá-lo. Já o homem aleijado deveria esperar
pelo dia seguinte, se algum médico se dispusesse a cuidar dele...
Daí o olhar de Jesus: olhar de
indignação. No latim da Vulgata, Jesus olhou em volta “cum ira”. É das raras
situações em que Jesus aparece dominado por sentimentos dessa natureza. Antes,
o vemos calmo, amoroso, comovido com a dor alheia, até mesmo em lágrimas pelo
amigo morto. E que é que deixa Jesus irado? A perda do sentido do sagrado (como
quando expulsa os mercadores do Templo) e a indiferença diante das necessidades
dos pequenos deste mundo, sejam as criancinhas (espantadas pelos discípulos),
os leprosos (marginalizados pela sociedade) ou os enfermos (como este homem “de
mão seca”)...
Examinemos nossa própria vida.
Qual será o olhar de Jesus sobre nós, levando-se em conta nossas atitudes
nestas duas situações: o respeito pelas coisas sagradas e nossa acolhida aos
mais abandonados?
Afinal, há dois tipos de
Templo onde Deus habita: o templo material (feito de pedras, madeira,
alvenaria, como a basílica romana e a capelinha no alto do morro) e o templo
humano (o coração do homem e da mulher, onde habita o Espírito de Deus).
Nenhum comentário:
Postar um comentário