quarta-feira, 6 de janeiro de 2016



Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc: 6,45-52.

- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.
- Glória a vós, Senhor!

- Depois de saciar os cinco mil homens, 45Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 46Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar. 47Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. 48Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles. 49Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. 50Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: “Coragem, sou eu! Não tenhais medo!”51Então subiu com eles na barca, e o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, 52porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido.

- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIO DO EVANGELHO:

É lamentável a nossa tendência a minimizar os sinais messiânicos do Evangelho. Com pouco esforço, mudamos milagre em folclore. Mais um jeitinho, e pintamos o maravilhoso de pitoresco. Azar o nosso!
No Evangelho de hoje, Jesus caminha sobre as águas em plena tempestade. Mais um sinal, entre tantos, de que sua presença entre nós faz uma reviravolta radical na história da humanidade. Comenta Jean Valette:
“Ao pacificar a tempestade e caminhar sobre o mar, Jesus anuncia o mesmo Evangelho do Reino que ao expulsar o demônio na sinagoga de Cafarnaum, ao curar o paralítico na casa de Simão, ao partilhar a refeição em casa de Mateus e ao permitir que seus discípulos debulhem espigas com as mãos em dia de sábado. É isto que os Doze eram chamados a compreender e crer. Na verdade, toda a vida de Jesus é uma caminhada sobre o mar!”
Sim, estamos diante de uma reviravolta inesperada: a chegada do Messias deixa superadas todas as realidades humanas, até mesmo as leis da física, quando água se torna vinho, pães se multiplicam e a lepra é curada por um toque das mãos. Estamos diante de uma nova Criação.
Entretanto, este mundo novo é inseparável da pessoa de Jesus e de sua entrada em nossas vidas. Sem ele, permaneceremos na velha medida, escravos do medo, vítimas do acaso, marionetes dos astros. É para nos libertar que o Senhor nos exorta: “Não tenham medo!”
Jean Valette prossegue: “Não tenham medo! Existe seguramente um elemento de ignorância e de superstição nesse temor, que nos faz confundir Deus com o indeterminado, o fantasmático e todas as possibilidades ameaçadoras que nos parecem agitar-se nos espaços do desconhecido e do futuro. Mas, sem dúvida, é preciso ver mais profundamente. Este temor é também a expressão de uma justa apreciação do mistério e da santidade de Deus. O temor que nos sobrevém da ação divina é aquele dos caminhos abertos para uma liberdade que desperta em nós a vertigem da diversidade dos possíveis e a necessidade de correr o risco da obediência e das escolhas ligadas à fé”.
Ah! A fé... Esta virtude misteriosa que nos ensina a caminhar sobre as ondas, fazer frente às vagas do oceano, dar o passo tantas vezes adiado. No escuro da noite, Jesus estende os braços e nos assegura: “Não tenham medo! Sou eu!”

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